MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA: Pesquisa foi encomendada pela mineradora Vale, alvo constante desses grupos
Ibope: MST é visto como sinônimo de violência
Para 60% dos entrevistados, movimentos se aproximam da criminalidade e prejudicam a economia do país
Soraya Aggege
SÃO PAULO. A causa é nobre; os métodos, não. É o que pensa a maioria dos brasileiros sobre os movimentos sociais do campo, como o MST, segundo pesquisa feita pelo Ibope por encomenda da mineradora Vale. Para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem; e, para 24%, é a expressão "reforma agrária". O levantamento mostra que a população está dividida em relação ao movimento: 46% se dizem favoráveis, e 50%, desfavoráveis.
Para 60% dos entrevistados, movimentos se aproximam da criminalidade e prejudicam a economia do país
Soraya Aggege
SÃO PAULO. A causa é nobre; os métodos, não. É o que pensa a maioria dos brasileiros sobre os movimentos sociais do campo, como o MST, segundo pesquisa feita pelo Ibope por encomenda da mineradora Vale. Para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem; e, para 24%, é a expressão "reforma agrária". O levantamento mostra que a população está dividida em relação ao movimento: 46% se dizem favoráveis, e 50%, desfavoráveis.
Dos entrevistados, 65% dos moradores das metrópoles concordam com os objetivos do MST, mas em nuances distintas: 27% concordam com o propósito e acham que os sem-terra lutam por ele; 38% concordam com o objetivo, mas acham que o MST fugiu de sua meta inicial; e 31% discordam totalmente dos objetivos do movimento. E 60% consideram que as organizações camponesas estão se aproximando da criminalidade; também acham que elas prejudicam a economia (para 61%) e os mais pobres (para 54%).
Os entrevistados também são críticos da atitude de quem tem terras invadidas: 40% acham que o setor privado usa seus próprios meios para fazer expulsões, antes de tentar dialogar ou recorrer à Justiça. Perguntados como agiriam se estivessem no lugar dos proprietários, 27% disseram que negociariam e até cederiam parte das terras, mas 40% afirmaram que dialogariam e depois recorreriam à Justiça.
A pesquisa, que abrange todas as metrópoles e várias regiões do país, foi encomendada pela Vale, que tem sido alvo dos movimentos. Segundo o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da empresa, Walter Cover, o objetivo foi saber como os movimentos são vistos pelas comunidades com as quais a Vale se relaciona.
- A Vale tem um relacionamento estreito e positivo com as comunidades com as quais se relaciona, e esses movimentos fazem parte delas. Como pretendemos melhorar permanentemente essa relação, queríamos saber como os movimentos são vistos - disse o diretor.
- A Vale tem um relacionamento estreito e positivo com as comunidades com as quais se relaciona, e esses movimentos fazem parte delas. Como pretendemos melhorar permanentemente essa relação, queríamos saber como os movimentos são vistos - disse o diretor.
A pesquisa mostra que mais de 80% dos 2.100 entrevistados no país acham que os movimentos sociais estão se espalhando. Nas metrópoles, onde foram entrevistadas 1.204 pessoas, 69% avaliam que eles estão ganhando força. Mas 40% dos entrevistados acham que os maiores beneficiados pelos movimentos em geral são os seus próprios líderes. E mais: 69% consideram que eles são instrumentos de manipulação e geram conflitos. Apenas 26% avaliam que os movimentos organizam e conscientizam.
Para 56%, os movimentos são "plantados" de cima para baixo, por políticos, ONGs e igrejas. Outros 37% acreditam que eles surgem naturalmente, a partir da revolta da população com a realidade nacional. A maioria, 54%, avalia que os grupos mais prejudicados pelos movimentos são os mais pobres. Só 17% dizem que são os mais ricos.
MST é conhecido por 97% dos entrevistados
MST é conhecido por 97% dos entrevistados
Para 60% dos entrevistados, os movimentos estão adotando métodos de ação ilegais e, por isso, acabam se relacionando com o crime organizado e até com o narcotráfico. Mas 29% discordam. Em cidades como Vitória (ES), 77% acham que eles estão próximos da criminalidade; em Marabá (PA), somente 27% pensam assim.
O MST é o movimento social mais conhecido no país: tem 97% de conhecimento. Outros movimentos, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os quilombolas e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), além da própria Via Campesina - a internacional camponesa que agrega todos esses grupos, inclusive o MST -, são pouco conhecidos, mas mais aceitos. A CPT, por exemplo, é aceita por 59% daqueles que já ouviram falar da comissão católica. Já a Via Campesina, à qual a maioria é filiada, só é conhecida por 14% dos entrevistados. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é conhecido por 31% nas regiões metropolitanas.
Um total de 88% dos moradores de metrópoles dizem não conhecer nenhum outro movimento. Os sem-teto foram os mais citados, por 4%.
A maioria dos entrevistados afirmou que sabe dos movimentos sociais pela televisão (90%), jornais (34%), rádio (24%), internet (18%) e revistas (8%). Para 45% dos moradores metropolitanos, a cobertura dos meios de comunicação é neutra, mas 35% acham que os veículos tendem a ser favoráveis aos movimentos.
Forças Armadas têm o maior grau de confiança: 68%
Forças Armadas têm o maior grau de confiança: 68%
A pesquisa mapeou também o nível de confiança dos brasileiros em geral em instituições e grupos. As Forças Armadas saem na frente, com 68% de aprovação, seguidas pelos meios de comunicação, com 67%. A Igreja Católica empata com a confiança nos ambientalistas em terceiro lugar: 64%. Já os partidos políticos aparecem em último lugar do ranking de confiança, com 11%. O Congresso teve 22%, menos que o MST, que teve 31% das escolhas.
O presidente da República, sem citação do nome, aparece com 48%. A Polícia Civil, com 45%; e a Polícia Militar, com 43%. O Judiciário tem 42% da confiança e os sindicatos, 39%. Já os criadores de gado têm 55% de confiança, e os grandes produtores de soja, 59%. As ONGs têm 54% de confiança, e as igrejas evangélicas, 52%.
A pesquisa do Ibope foi feita de 26 de abril a 6 de maio, antes, portanto, da última onda de invasões e protestos de sem-terra pelo país, na semana passada. Foram considerados os seguintes movimentos: MST, Via Campesina, Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Quilombola e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Foram ouvidas 2.100 pessoas maiores de 16 anos, em metrópoles, cidades e regiões do interior de vários estados. Foram 1.204 entrevistas em nove regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Distrito Federal, Salvador e Fortaleza). As demais foram distribuídas entre as seguintes cidades: Vitória (ES), São Luís (MA), Imperatriz (MA), Belém (PA) e Marabá (PA). Também foram entrevistadas pessoas no interior de Minas, no Vale do Ribeira (SP), em Cariré (CE) e em Dourados (MS).
MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA: Ministério do Desenvolvimento Agrário considera que estado vive tensão social
Organizações proliferam em Pernambuco
A pesquisa do Ibope foi feita de 26 de abril a 6 de maio, antes, portanto, da última onda de invasões e protestos de sem-terra pelo país, na semana passada. Foram considerados os seguintes movimentos: MST, Via Campesina, Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Quilombola e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Foram ouvidas 2.100 pessoas maiores de 16 anos, em metrópoles, cidades e regiões do interior de vários estados. Foram 1.204 entrevistas em nove regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Distrito Federal, Salvador e Fortaleza). As demais foram distribuídas entre as seguintes cidades: Vitória (ES), São Luís (MA), Imperatriz (MA), Belém (PA) e Marabá (PA). Também foram entrevistadas pessoas no interior de Minas, no Vale do Ribeira (SP), em Cariré (CE) e em Dourados (MS).
MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA: Ministério do Desenvolvimento Agrário considera que estado vive tensão social
Organizações proliferam em Pernambuco
Estado, berço das Ligas Camponesas nos anos 50, tem hoje em atividade 14 grupos ligados à luta no campo
Letícia Lins
POMBOS, PE. Palco do surgimento das Ligas Camponesas, em 1955, Pernambuco se mantém fiel ao lema "reforma agrária na lei ou na marra", cunhado pelo fundador e líder das ligas, o ex-deputado Francisco Julião. Os movimentos sociais ligados à luta no campo são hoje 14 em todo o estado - e o MST é apenas um deles. Mudando constantemente de nomes e líderes, espalham-se pelos estados vizinhos, desaparecem por uns tempos, reaparecem depois.
Letícia Lins
POMBOS, PE. Palco do surgimento das Ligas Camponesas, em 1955, Pernambuco se mantém fiel ao lema "reforma agrária na lei ou na marra", cunhado pelo fundador e líder das ligas, o ex-deputado Francisco Julião. Os movimentos sociais ligados à luta no campo são hoje 14 em todo o estado - e o MST é apenas um deles. Mudando constantemente de nomes e líderes, espalham-se pelos estados vizinhos, desaparecem por uns tempos, reaparecem depois.
Um dos mais fortes é a antiga OLC (Organização de Libertação do Campo), que funcionou por dois anos em Pernambuco e realizou 40 ocupações, mas sumiu. Depois foi incorporada pela Fetraf (Federação dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar), hoje um dos movimentos que mais ocupam propriedades no estado. A Fetraf funciona em 22 estados. Em Pernambuco, comanda 70 acampamentos, dos quais 26 já se tornaram assentamentos.
Alguns movimentos só existem no estado, como o Mtrub (Movimento dos Trabalhadores Rurais e Urbanos do Brasil). Para o chefe da Divisão de Obtenção de Terras e de Implantação de Projetos de Assentamento do Incra, Carlos Eduardo Costa Lopes, a efervescência e a quantidade desses movimentos constituem um retrato da questão agrária no estado, considerado pelas autoridades do Ministério do Desenvolvimento Agrário como de tensão social.
- A demanda social contribui para pressionar o governo e apressar a execução da reforma agrária. Esse é o lado positivo. O negativo é que a pulverização dificulta o planejamento. Para nós, talvez o melhor fosse um número menor de movimentos com maior representatividade - diz Lopes.
- A demanda social contribui para pressionar o governo e apressar a execução da reforma agrária. Esse é o lado positivo. O negativo é que a pulverização dificulta o planejamento. Para nós, talvez o melhor fosse um número menor de movimentos com maior representatividade - diz Lopes.
O Incra calcula que existem hoje no estado 21 mil famílias acampadas, cerca de 105 mil pessoas.
Zona da Mata teve 40 mil sítios extintos
Zona da Mata teve 40 mil sítios extintos
Camponeses expulsos passaram a se engajar em movimentos
POMBOS, PE. O trecho da Zona da Mata no Sul do estado, que concentra grande quantidade de usinas que fecharam, é considerada a área de maior tensão social em Pernambuco. A Zona da Mata é a região da agroindústria açucareira, que, se por um lado trouxe riqueza com a expansão dos plantios de cana, por outro obrigou os lavradores a viverem uma diáspora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 40 mil sítios desapareceram a partir dos anos 70.
POMBOS, PE. O trecho da Zona da Mata no Sul do estado, que concentra grande quantidade de usinas que fecharam, é considerada a área de maior tensão social em Pernambuco. A Zona da Mata é a região da agroindústria açucareira, que, se por um lado trouxe riqueza com a expansão dos plantios de cana, por outro obrigou os lavradores a viverem uma diáspora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 40 mil sítios desapareceram a partir dos anos 70.
- Com o desaparecimento dos sítios, os camponeses foram expulsos de suas terras. Foram eliminados 150 mil empregos no corte de cana, e os camponeses passaram a se engajar nos movimentos sociais. Por isso, eles florescem com tanta intensidade em Pernambuco, um estado com tradição de luta no campo. O desafio é unir os movimentos - afirma Plácido Júnior, coordenador da CPT e da Via Campesina em Pernambuco.
Diária de R$4 em propriedades da região
Diária de R$4 em propriedades da região
A Fetape, Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco, congrega mais de 180 sindicatos e também comanda ocupações. São 214 acampamentos, 198 já transformados em assentamentos.
- A nossa história, o volume de desemprego na Zona da Mata, a má distribuição de terras, a concentração na mão de poucos, tudo isso contribui para que os movimentos sociais atuem tanto no campo - afirma Paulo Roberto Rodrigues, diretor de Políticas Agrárias da Fetape.
Noé Bernadino Severino, de 50 anos, ex- cortador de cana, trabalhou na enxada desde os 7. Teve seu último emprego formal em 1986. Hoje trabalha por diária de R$4 em propriedades da região.
- Trabalho quase de graça. Acho injusto, mas aceito porque preciso.
- Trabalho quase de graça. Acho injusto, mas aceito porque preciso.
João Santos, hoje com 48 anos, trabalha na enxada desde os 8. Lembra-se bem do pai, Manoel dos Santos Silva, que cortou cana, foi cambiteiro (carregava cana no cavalo) e machadeiro (derrubava madeira para iniciar o plantio de cana) até cair na militância das Ligas Camponesas, entre as décadas de 50 e 60. Chegou a ser preso cinco vezes pela ditadura.
- Papai tinha um programa na rádio, para conscientizar os camponeses. Aos 17 anos, assumi o comando do programa - lembra João.
Ele foi eleito duas vezes para presidir o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Vitória de Santo Antão, a 51 quilômetros da capital. Santos ainda é diretor de finanças do sindicato. Na década de 90 ele fez parte da diretoria da Fetape.
- Batemos um recorde nacional, fazendo 52 ocupações em um só dia. Depois, saiu da Fetape e fundou a OLC, Organização de Luta no Campo, há três anos incorporada pela Fetraf.
Movimentos se defendem
Para eles, noticiário influencia resultados
SÃO PAULO. Os movimentos sociais incluídos na pesquisa do Ibope disseram considerar que os resultados atestam o apoio da sociedade aos seus objetivos. Para a direção do MST, porém, as pessoas são influenciadas pelo noticiário sobre as ações dos movimentos - que, semana passada, por exemplo, mostrou ações violentas praticadas por sem-terra contra prédios públicos e privados em todo o país.
Movimentos se defendem
Para eles, noticiário influencia resultados
SÃO PAULO. Os movimentos sociais incluídos na pesquisa do Ibope disseram considerar que os resultados atestam o apoio da sociedade aos seus objetivos. Para a direção do MST, porém, as pessoas são influenciadas pelo noticiário sobre as ações dos movimentos - que, semana passada, por exemplo, mostrou ações violentas praticadas por sem-terra contra prédios públicos e privados em todo o país.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) disse ter entendido que a pesquisa mostrou dados favoráveis à sua causa. "Demonstrou que o movimento tem boa aceitação, principalmente entre os que nos conhecem bem, e que palavras como justiça, igualdade e coragem foram as mais usadas para nos definir", respondeu o MAB, que também prefere culpar a mídia pela imagem que a sociedade tem do movimento.
A Comissão Pastoral da Terra destacou que, embora a pesquisa tenha sido feita por uma instituição reconhecida como o Ibope, foi encomendada pela Vale, envolvida nos conflitos.
- A sociedade não está alheia aos movimentos em seu tecido, mas tem tido a mídia como único canal de leitura dos movimentos. A mídia tem associado as organizações camponesas à violência e ao crime - disse Dirceu Fumagalli, da coordenação da CPT.
A Sociedade Rural Brasileira apontou a mídia como causa de 40% dos entrevistados entenderem que os proprietários atingidos pelos movimentos reagem ilegalmente por seus próprios meios.
- Existe falta de informação. Não precisamos usar recursos próprios para combater invasões - disse o presidente da SRB, Cesário Ramalho da Silva, acrescentando que os movimentos perderam o foco.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Walter Cover, que encomendou a pesquisa, concorda que os movimentos têm passado ao largo da briga pela reforma agrária:
- Querem mudança do modelo econômico ou temas que nada têm a ver com a Vale, que vem sendo alvo das invasões.
Política dúbia de Lula prejudica, diz estudioso
Para sociólogo, presidente mantém grupos por perto, mas sem atender a suas reivindicações
SÃO PAULO. Compreendidos ou não pela sociedade, politicamente os movimentos camponeses do Brasil estão em uma "sinuca de bico", avalia o sociólogo Ricardo Antunes, estudioso dos movimentos sociais brasileiros e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Antunes lembra que esses movimentos eram da base social do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E que, até agora, quase no meio do segundo mandato, Lula não mexeu na estrutura fundiária do país e ainda se coloca como porta-voz do agronegócio.
Política dúbia de Lula prejudica, diz estudioso
Para sociólogo, presidente mantém grupos por perto, mas sem atender a suas reivindicações
SÃO PAULO. Compreendidos ou não pela sociedade, politicamente os movimentos camponeses do Brasil estão em uma "sinuca de bico", avalia o sociólogo Ricardo Antunes, estudioso dos movimentos sociais brasileiros e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Antunes lembra que esses movimentos eram da base social do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E que, até agora, quase no meio do segundo mandato, Lula não mexeu na estrutura fundiária do país e ainda se coloca como porta-voz do agronegócio.
- Essa situação é muito difícil para os movimentos sociais. O governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, foi pior para eles, porque os criminalizou. Com Lula, isso não aconteceu, mas a história é ainda mais complicada - diz Antunes.
Para o estudioso, a política de Lula com os movimentos é dúbia: ele tenta manter os grupos sob seu arco de influência, sem criminalizar, liberando cestas básicas, mas sem atender a suas reivindicações.
- O MST é muito estruturado, organizado, e historicamente apóia Lula. Mas Lula opta claramente pelo agronegócio e usa a política das torneiras pingando para exercer certo controle sobre o movimento. Hoje, se o MST não se mobiliza, as torneiras não pingam. É uma sinuca de bico - afirma.
Antunes analisou a pesquisa e considerou que há muitas ambigüidades sobre a imagem dos movimentos. Frisa que, como 90% dos entrevistados afirmam que se informam sobre os movimentos pela televisão e pela imprensa, trata-se de uma opinião sobre o que foi publicado.
- Geralmente, o que a mídia mostra são conflitos, ocupações. Não mostra ações de escolarização, famílias que conquistam dignidade graças à ação dos movimentos.
Também especialista em movimentos sociais, o cientista político mexicano Adrian Gurza Lavalle, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), avalia que a percepção de violência se deve muito ao que aparece na mídia.
- Apesar do protagonismo, o MST tem cisões, facções e não é único. Há outros. A causa do MST, a reforma agrária, é unanimidade mundial. Os métodos, no entanto, são polêmicos - afirma Lavalle.
Ele considera que a pesquisa traz um dado importante:
Ele considera que a pesquisa traz um dado importante:
- O conhecimento que as pessoas demonstram ter dos movimentos sociais não é desprezível: 97% conhecem o MST no Brasil. Ora, as taxas de engajamento dos brasileiros em associações e partidos são de apenas 20%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário