segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Encontro da ASA Minas


A Articulação no Semi-Árido de Minas Gerais - ASA Minas, e o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica - CAV, realizam junto às entidades, organizações e movimentos sociais do Fórum do Vale do Jequitinhonha e do Fórum do Norte de Minas, o Encontro da ASA Minas, que será realizado dos dias 29 a 31 de outubro, no município de Turmalina.

O Encontro reunirá cerca de 300 agricultores, agricultoras e representantes das organizações da sociedade civil do semi-árido mineiro. Durante o evento, serão realizados debates de conjuntura e de novas perspectivas na área da educação do campo, biodiversidade, respeito às comunidades tradicionais e valorização da sabedoria popular. Além de apresentações culturais e visitas de intercâmbio para trocas de experiências de convivência com o semi-árido.

O evento será realizado no Centro de Formação e Experimentação do CAV, na Comunidade Alto Lourenço.

Articulação do Semi-Árido

A ASA Minas é um fórum de 120 entidades, aproximadamente, de todo o semi-árido mineiro, que luta pelo desenvolvimento econômico, cultural, social e ambiental da região. Em todo Brasil, são mais de 750 entidades dos mais diversos segmentos que compõem a ASA, entre elas, sindicatos e federações de trabalhadores rurais, organizações não-governamentais sociais e ambientalistas, igrejas católicas e evangélicas, entre outras.
A ASA é um espaço de articulação política regional da sociedade civil organizada no semi-árido brasileiro. Ela se fundamenta no compromisso com as necessidades, potencialidades e interesses das populações locais, em especial os agricultores e agricultoras familiares. A ASA busca contribuir para a implementação de ações integradas para o semi-árido, fortalecendo inserções de natureza política, técnica e organizacional, demandadas das entidades que atuam nos níveis locais; apoia a difusão de métodos, técnicas e procedimentos que contribuam para a convivência com o semi-árido.


PROGRAMAÇÃO ENCONTRO ASA MINAS

29/10/2008 – quarta-feira

Café
Recepção/credenciamento/divisão para as visitas e oficinas
Mística/apresentação
Abertura
Almoço
Análise de conjuntura: Eleições e políticas públicas no semi árido mineiro
Debate: Educação do Campo
Jantar
Noite cultural

30/10/2008 – quinta-feira

Café
Visita às experiências
Almoço
Oficinas

Socialização das visitas
Noite cultural

31/10/2008 – sexta-feira

Café
Apresentação de um documento único com as discussões das oficinas.
ASA e seus programas (P1MC e P1+2).
Finalização e despedida



OFICINAS (dia 30/10/2008 -- quinta-feira)


-- Gênero
-- Sistema agroflorestal
-- Assembléia popular
-- Grupo de produção
-- Sementes crioulas
-- Horticultura
-- Privatização das águas
-- Apicultura
-- Políticas de crédito e ATER para o semi árido
-- Preservação de água
-- Comunicação
-- Artesanato de barro e algodão
-- Agronegócio
-- Horticultura
-- Sistema agroflorestal


Para a imprensa


Sugestão de pauta:

O que: Encontro da ASA Minas
Quando: 29 a 31 de outubro
Onde: município de Turmalina
Contatos:
- CAV: 38. 3527 2457/ 3527 1658
- Lívia Bacelete: 31. 8876 4767

Outras informações: http://www.asabrasil.org.br/

terça-feira, 14 de outubro de 2008

IV Encontro Norte Mineiro de Agrobiodiversidade


O município de Varzelândia irá cediar o IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade, com a temática “A (agro)biodiversidade e o seu rebatimento nas políticas públicas municipais”. Nos dias 15 a 17 de outubro, cerca de trezentos participantes do Norte de Minas irão visitar iniciativas bem sucedidas desenvolvidas na região dos municípios de Varzelândia, Ibiracatú e São João da Ponte. O Encontro acontecerá no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia.

Durante o IV Encontro, os participantes irão discutir a questão da agrobiodiversidade nas políticas públicas, visitar experiências desenvolvidas na região, assistir apresentações culturais e participar de oficinas e de uma feira de (agro)biodiversidade. Tudo isso, com intuito de debater e apresentar exemplos concretos que podem ser incorporados em políticas municipais de fortalecimento à agricultura familiar.

Biodiversidade: riquezas do Norte de Minas

O Norte de Minas é uma região de muita diversidade genética da fauna e da flora, que associada aos cultivos agrícolas, faz com que a região seja rica em agrobiodiversidade. Esta riqueza está intimamente relacionada com a diversidade cultural de povos e comunidades tradicionais que habitam esta região: geraizeiros, quilombolas, vazanteiros, indígenas Xakriabá, catingueiros, veredeiros, entre outros.

Por outro lado, este patrimônio de inestimável valor vem sendo ameaçado, agora de forma muito mais contundente, quando na região começam a se multiplicar, de maneira irresponsável, plantios de lavouras transgênicas com alto risco de contaminação das variedades tradicionais locais. Outras ameaças são à expropriação das comunidades tradicionais de suas terras, somadas à educação descontextualizada, o não reconhecimento dos circuitos econômicos tradicionais da agricultura camponesa, que para sobreviverem são obrigados a se manterem na invisibilidade.
Agrobiodiversidade em pauta

O IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade vem discutir essas temáticas, apresentando alternativas às ameaças e possibilitando o intercâmbio e a troca de experiências entre agricultores, agricultoras, organizações, associações e entidades da sociedade civil da região. O Encontro é uma iniciativa dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia e Porteirinha, do Centro de Agricultura Alternativa (CAA), Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais e Cáritas Diocesana de Januária e Nascer. Com o apoio de Cooperativa Grande Sertão, MST, ASA (Articulação do Semi-Árido), Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, Embrapa, ISPN/PNUD, Ministério do Meio Ambiente e Programa da Biodiversidade.


Sugestão de pauta


O que: IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade
Quando: 15 a 17 de outubro
Onde: STR de Varzelândia, Minas Gerais

Contatos:
STR Varzelândia: 38-3625-1200


Produzido por:

Lívia Bacelete - Comunicadora Popular

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade


O desenvolvimento de técnicas e métodos de manejo sustentável da (agro)biodiversidade é um fator preponderante para a melhoria da qualidade de vida. Existem, nos cerrados e caatingas do Norte de Minas, inúmeras comunidades camponesas que desenvolvem formas de uso e manejo dos recursos naturais. Homens e mulheres que se tornaram especialistas na preservação, sendo verdadeiros guardiões da biodiversidade. Estas experiências demonstram que o trabalho baseado nos potenciais ecossistêmicos, sócio-econômicos e culturais locais reduzem a pressão sobre os recursos naturais, e contribuem para a conservação da biodiversidade local.


Com o objetivo de fortalecer os espaços de diálogo e intercâmbio de experiências de uso e manejo da biodiversidade, o CAA-NM (Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas) estará realizando o IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade, com o tema: “A (agro)biodiversidade e o seu rebatimento nas políticas públicas municipais”. Serão três dias de encontro (de 15 a 17 de outubro), na cidade de Varzelândia, Norte de Minas, com programação diversificada, que inclui oficinas, debates, apresentações culturais e feira. A proposta é dinamizar os debates de proposições da agricultura sertaneja para as políticas públicas municipais, considerando seis temas fundamentais: Reforma Agrária, Educação no Campo, Sementes Nativas, Comunidades Tradicionais, Economia Solidária e Feira da Agrobiodiversidade.


O IV Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade é organizado pelo CAA-NM em parceria Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, MST – Regional Norte de Minas, Cáritas Diocesana de Januária e Núcleo de Agricultura Sustentável do Cerrado/Universidade Federal de Minas Gerais – NASCer/UFMG.
Data: 15 a 17 de outubro
Local: Varzelândia – MG
Informações: Assessoria de Imprensa do CAA/NM (Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas) Rua Anhanguera, 681 – Cândida Câmara
Telefone: 4009-1513

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Comunidades Quilombolas do Brasil


O site da Comissão Pró Índio de São Paulo oferece mapas, estudos, imagens, processos de titulação, legislação, ações jurídicas e informações sobre as comunidades quilombolas espalhadas por todo o Brasil.

Confira no link: http://www.cpisp.org.br/comunidades/

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

III Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial

Brasília, 22/9/08 (IICA) – O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Fórum Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável (Fórum DRS), o Governo do Estado do Ceará e o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) realizam, em Fortaleza, Ceará, nos dias 5, 6 e 7 de novembro, o III Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial.
O Banco do Brasil, o Instituto Agropolos do Ceará, o Banco do Nordeste e o Ministério da Integração Nacional (MI) apóiam o evento. Nesta edição, o tema principal dos debates será: Modelos e Instrumentos para Gestão Social dos Territórios.


Para participar, basta inscrever-se por meio do preenchimento da ficha disponível no portal:
www.iicaforumdrs.org.br, no menu Destaque.
Debate virtual sobre o tema Um fórum virtual, coordenado pela equipe de professores do CPDA, acontece no site do Fórum DRS, pelo link:
www.iicaforumdrs.org.br/forum
A discussão propõe uma reflexão sobre a natureza dos desafios da questão social dos territórios no Brasil. Baixe o manual de acesso ao Debate Virtual e cadastre-se. Caso você já seja cadastrado e esqueceu a senha, envie um email para rodrigo.germano@iica.int, solicitando uma nova senha.


Por que a discussão deste tema? Um número cada vez maior de entidades dos países latino americanos, em especial no Brasil, incorpora concepções de territorialidade nas suas ações de desenvolvimento rural. Essa concepção de territorialidade é entendida como um mecanismo de articulação e integração entre as organizações da sociedade civil, os movimentos sociais e o poder público na promoção do desenvolvimento.
Essa tendência coincide com a emergência de uma nova institucionalidade. Com efeito, no âmbito dos processos de redemocratização vivenciados na região ocorreu o surgimento e fortalecimento de novas institucionalidades, ou seja, novas formas de organizações da sociedade civil que não são governamentais, porém executam variadas e múltiplas atividades de natureza política, cultural e sócio-econômica de caráter público. Por outro lado, é importante frisar que o tema da nova institucionalidade atinge também a própria esfera pública em um sentido mais amplo, que inclui, necessariamente, órgão e agências do setor público estatal da administração direta e indireta, assim como as arenas mistas de debates, concertação e deliberação de políticas públicas.
Na prática, o que se observa é o surgimento e proliferação de organizações de base e colegiados (conselhos, fóruns, associações comunitárias e outras), nos âmbitos municipais, territoriais e estaduais, que se constituem em instâncias de governança e gestão social, não necessariamente embasadas em normas jurídicas, porém legitimadas pelas organizações da sociedade civil e atores sociais.

Experiência Brasileira
No Brasil, uma gama significativa de políticas territoriais executadas por diferentes ministérios e organismos de fomento destacam-se, como sejam: Ministérios da Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Desenvolvimento Social, das Cidades, Meio Ambiente, Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior e Trabalho, Emprego e Renda. Somam-se a essas entidades os Bancos de Fomento BNDES, o do Brasil e o do Nordeste.

Para o período 2008-2011, o Governo Federal prioriza três macro-programas: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e a Agenda Social. No contexto desta, foi criado o Programa Territórios da Cidadania (PTC), principal ação de promoção do desenvolvimento de segmentos sociais situados em regiões rurais de grande desigualdade e incidência de pobreza.
Trata-se de uma iniciativa, que coordena as ações de 19 ministérios, atingindo cerca de dois mil municípios em 2008/2009 e uma população de quatro milhões de famílias. Sua execução se realiza por meio da implantação de cerca de 130 diferentes ações públicas federais, em parceria com os governos estaduais e municipais e as organizações da sociedade civil. Para isso foram focalizados os territórios de identidade, constituídos a partir do programa administrado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial.
Um dos grandes desafios do Programa é conseguir, uma harmoniosa convivência e interação das distintas esferas de governança, publicas e privadas, que, em muitos territórios, dão lugar a diferentes modelos de gestão compartilhada, nos quais se redefinem papéis do Estado e das organizações da sociedade e se constroem novas formas institucionais para a gestão social.

Para fortalecer técnica e institucionalmente a convivência e a interação mencionada, torna-se imprescindível a sistematização de conhecimentos gerados a partir de iniciativas em gestão social dos territórios, com o propósito de aperfeiçoar o desenho de modelos e instrumentos que facilitem a formação de capacidades das instancias públicas e não governamentais nos territórios selecionados para o programa.
Nesse sentido, um importante primeiro passo é a organização de um debate estruturado para intercambiar experiências, percepções e propostas dos agentes públicos e atores sociais envolvidos. A proposta deste seminário, assim como o conjunto de atividades que o antecedem, se insere nesse processo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

IICA lança novo produto de comunicação: Antena Agropecuária

Brasília, 16/9/08 (IICA)



O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentou, esta semana, seu novo produto de comunicação: a Antena Agropecuária.
Trata-se de um banco de áudios com informações sobre os temas do setor agropecuário no hemisfério. Os arquivos de áudio da Antena Agropecuária são gravados em espanhol e estão disponíveis a todos os noticiários e programas de emissoras de rádio. Segundo os organizadores o material pode ser distribuído, copiado e exibido por terceiros, desde que seja citado o IICA como autor.
O novo produto de comunicação soma-se ao Programa de áudio Agroenlace, rádio-revista do Instituto, exibido quinzenalmente.




Conheça a Antena Agropecuária, no link: Antena Agropecuária

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cooperativa Grande Sertão vai a campo escutar sabedoria popular

“Aprendi tudo isso com o passar dos anos, plantando, colhendo e observando”. Assim diz o Sr. Olegário Rocha, morador da Comunidade Cova de Mandioca, em Porteirinha, quando se refere orgulhoso ao desenvolvimento de suas plantações. E foi atrás desses conhecimentos desenvolvidos ao longo do tempo que agricultores cooperados e técnicos da Cooperativa Grande Sertão foram à campo,no último dia 15 (segunda) para conhecer de perto as experiências que os agricultores vêm desenvolvendo com as produções de oleaginosas.

Para Nilton César, que é agricultor, cooperado e mobilizador do projeto do Biodisel na Agricultura Familiar, é importante conhecer de perto o trabalho dos agricultores e agricultoras, conhecer e ouvir falar um pouco das experiências que eles desenvolvem. Ele cita o exemplo do Sr. Olegário, que há mais de 30 anos planta a variedade de mamona. “Não se pode deixar de escutar o conhecimento da cultura que ele tem”, diz o agricultor.

Com 78 anos, Sr. Olegário, com uma conversa “ligeira”, conta os “causos” com orgulho das coisas que faz. Ele diz que planta uma variedade de semente crioula de mamona, que o cacho chega a 1,20 metro de comprimento, e depois da limpeza das sementes chegam a pesar 600 gramas. Pai de 18 filhos, ele e sua esposa Dona Joana, conservam práticas de seus antepassados. Plantam culturas consorciadas e utilizam o engenho de cana construído por ele mesmo, dentre outras coisas. Ele orientou: “para plantar cana, a muda tem que ser nova”, e conclui: “assim é a natureza, ou você já viu mulher velha dar filho?”.

José Leles Neto, diretor-presidente da Cooperativa Grande Sertão, diz que valoriza o intercâmbio de saberes, pois um tem a teoria e o outro a prática. ”O técnico aprende com o agricultor e o agricultor aprende com o técnico”, explica.

Na região de Porteirinha, a Cooperativa Grande Sertão é articuladora e responsável pela inserção da produção de oleoginosas no sistema de agricultura familiar. O plantio é voltado principalmente para o produção de biodiesel, e funciona em parceria com a Petrobrás.



(Helen Borborema - Comunicadora Popular - STR Porteirinha-MG)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cerrado: um grito de socorro

Dia 11 de setembro é o Dia Nacional do Cerrado. Obviamente, a comemoração não é uma atitude pertinente nos dias atuais. A constante destruição do bioma brasileiro é uma das causas dos principais problemas sócio-ambientais do país, embora pouca gente saiba disso.

Existem dois grandes responsáveis pela devastação: a pecuária extensiva e a monocultura intensiva, geralmente, voltada para exportação. Cerca de 26.000 km² do bioma desaparecem a cada ano, dando lugar ao agronegócio. O chamado “desenvolvimento” está escancarado, dentro de nossas casas, nas escolas, na mídia. Um “desenvolvimento” que gera êxodo rural, fome, extinção. "Essa questão do ataque do agronegócio está deixando o cerrado em estado de calamidade". A opinião de Braulino Caetano dos Santos – sócio-fundador e diretor geral do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, não é apenas um dos muitos indicativos dessa realidade, é um grito de indignação. "O bioma está desaparecendo e levando tudo o que tem nele, inclusive o povo", diz. Atualmente, cerca de 80% do bioma está parcialmente, ou totalmente, depredado.

Cientificamente, o Cerrado é caracterizado como a savana que possui mais biodiversidade no mundo, além de abrigar milhares de tribos indígenas, quilombos e populações tradicionais. Infelizmente, até isso tem os dias contados. Estudos revelam que, caso a degradação ambiental continue em ritmo acelerado, a estimativa é de que este bioma será totalmente extinto em meados do ano de 2030. Cedo demais para quem ainda não percebeu que o limite há muito foi ultrapassado, e esperar mais para agir não é uma opção.

Dados como estes deveriam ser o bastante para gerar a mobilização da sociedade, de entidades ligadas à preservação ambiental e das próprias populações remanescentes. Mas o impasse é maior do que se pensa. A luta pela defesa do Cerrado ainda é tímida, e está aquém do ritmo de crescimento do agronegócio, movido pelos sistemas político e econômico do país e do mundo. Apesar das centenas de iniciativas de fomento da convivência com o Cerrado e uso sustentável dos recursos naturais, a importância desse bioma ainda é desconhecida pela maioria dos brasileiros. O Cerrado está em 15 estados nacionais, abrangendo mais de 11 mil espécies vegetais, a maioria utilizada no agroextrativismo, que é a principal fonte de renda para milhares de famílias.

A preocupação com essa realidade, originou uma proposta de inclusão dos biomas Cerrado e Caatinga como patrimônios nacionais, a exemplo da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica e do Pantanal Matogrossense. Mas a emenda constitucional, conhecida como PEC 115/95, já tramita no Congresso há 13 anos, resultado da inércia política com relação à proteção de um bioma que abriga um terço da biodiversidade nacional. Se o ritmo continuar o mesmo, é bem provável que a proposta seja aprovada tarde demais. “Eles querem ouvir o nosso grito. Agora é hora de sair e gritar. Porque do jeito que está, não dá pra ficar mais”, afirma Braulino.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

ENCONTRO NORTE MINEIRO DA AGROBIODIVERSIDADE

“Encontro Norte Mineiro da Agrobiodiversidade’’.
A (agro) biodiversidade e o seu rebatimento nas políticas públicas municipais
A palavra Agrobiodiversidade é, ao mesmo tempo, ampla (em relação ao seu significado) e específica (em relação aos temas a que se refere). A junção dos elementos agro (agricultura), bio (vida) e diversidade (diferentes formas e tipos) sugere o estudo e a utilização de seres vivos em atividades agrícolas. A domesticação de espécies animais e vegetais para um melhor aproveitamento é uma prática comum nas áreas rurais, principalmente entre os agricultores familiares. Nos últimos anos, entretanto, as práticas alternativas de utilização do solo e das sementes está sendo ameaçada pelo aumento da substituição das variedades de sementes crioulas por sementes comercializadas, que as indústrias definem como “geneticamente melhoradas”. A agricultura tradicional é o fator responsável pela propagação das espécies crioulas, mantidas através do plantio, colheita, seleção e armazenamento.
Pensando nas conseqüências da modernização da agricultura, será realizado o IV ENCONTRO NORTE MINEIRO DA AGROBIODIVERSIDADE, de 10 a 12 de setembro, na cidade de Varzelândia. O tema do encontro será: A (agro)biodiversidade e o seu rebatimento nas políticas públicas municipais, considerando a importância do poder público na valorização da agricultura familiar. Serão três dias de palestras, oficinas e feira; relacionadas a temas como “o risco dos transgênicos na soberania alimentar”, “reforma agrária”, “educação no campo” e “economia solidária”.
Os organização do Encontro fica sob a responsabilidade do CAA (Centro de Agricultura Alternativa), STR de Varzelândia, STR de Porteirinha, MST – Regional Norte de Minas, Cáritas Diocesana de Januária, Núcleo de Agricultura Sustentável do Cerrado e Universidade Federal de Minas Gerais – NASCer/UFM.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

MST faz denúncias à ONU contra processo de criminalização



Para advogado que defende o MST, acusação de desrespeito à Lei de Segurança Nacional busca tipificar movimento como "organização criminosa" para reforçar posição de membros do Ministério Público Estadual do RS
Por Verena Glass

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras 12 entidades de defesa dos direitos humanos encaminharam duas denúncias à Organização das Nações Unidas (ONU) contra o que consideram uma
campanha de criminalização do MST pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Protocolados na última segunda-feira (21), os documentos também desqualificam o processo de ordem política contra oito integrantes do movimento com base na Lei de Segurança Nacional (LSN). Os acusados devem ser ouvidos pela Justiça Federal na próxima terça-feira (29).




segunda-feira, 14 de julho de 2008

1ª Semana de Permacultura e Bioconstrução



Data: 01/07/2008

Fonte: Instituto Kairós
Local: Nova Lima - MG



Prezados Profissionais, estudantes e interessados,o Instituto Kairós tem o prazer em convidá-los para sua 1ª Semana de Permacultura e Bioconstrução, que será realizada de 27 de julho a 1º de agosto de 2008, no Centro Kairós, em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), Nova Lima / MG.A semana terá como eixo principal o aprendizado e a compreensão de campos relacionados à permacultura e a bioconstrução por meio de atividades práticas / coletivas e teóricas / conceituais. Os participantes terão a oportunidade de experimentar diversas tecnologias construtivas: de terra (adobe, superadobe, tijolos prensados), bambu, tetos verdes, argamassa armada (ferrocimento e plasticimento), a compreensão de sistemas estruturais autoportantes (abóbodas e arcos), conceitos e aplicações da geobiologia e a construção de equipamentos para uso permacultural, como filtros para águas cinzas e aquecedores solares.


Mais informações, visite o site: www.institutokairos.org.br/semanabio.htm
fonte: Estação do Saber



O QUE É BIOCONSTRUÇÃO?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ainda a Festa de São Pedro do CAA

Joyce e Ana Luiza são filhas de Tse e Meirinha, nossos colegas de trabalho do CAA/NM. Pela primeira vez elas ficaram após a assembleia para a Festa de Sao Pedro do CAA. A gente via a ansiedade estampada no olhar de cada uma. A curiosidade era quanto a punição que se daria aos ladrões da bandeira.

Os ladrões - que sairam do Quilombo do Gurutuba - demoraram muito a chegar! (chegaram 10 horas, na verdade). Elas não puderam esperar. A Ana (que diz que vai ser jornalista quando crescer!) fez uma produção de texto sobre a festa.Achei tão bonitinha que resolvi colocar no blog.

A Festa Junina na roça

No trabalho do meu pai tem uma Área chamada AEFA(área de experimentação e formação em agroecologia).Todos os anos essa área faz uma festa junina homenageando São Pedro.

Todas as pessoas ajudam a enfeitar a festa.Depois de arrumada, a área fica bonita.

Além disso, tem uma brincadeira que, uma pessoa ou um grupo rouba a bandeira de São Pedro.

Esse grupo fica o ano todo arrumando a bandeira e no dia da festa o ladrão devolve a bandeira e começa tudo de novo.Essa é a história da festa junina na roça.

Fim Ana Luiza

terça-feira, 1 de julho de 2008

Transgenia na Agricultura Familiar (?!)

Segue um e-mail da Comunicadora Popular Helen Borborema [STR Porteirinha]:



Olá pessoal!

Saiu na manchete principal do Jornal O norte de Minas, no dia 13/06/08:

'Ana Paula Padrão filma documentário sobre plantio de algodão em Catuti'



No texto, diz que ela 'Foi contratada pela Monsanto do Brasil para documentar o plantio de algodão transgenico para apresentação internacional do modelo norte mineiro de transgenia na agricultura familiar'

Na foto que ilustra o texto, Ana Paula sorri olhando para a plantação, que chega a perder de vista pelo tamanho. E perde-se de vista também a repercussão que a publicidade da Monsanto pode fazer, usando o nome indevido da Agricultura Familiar.

Repasso essas informações para efeito de divulgação e atualização de informações no nosso planejamento e atuações.

Saudações!

Helen BorboremaComunicadora Popular

STR-Porteirinha/MG



-- clique aqui para ler a matéria do Jornal O Norte na íntegra --



segunda-feira, 30 de junho de 2008

ASSEMBLÉIA 2008

A Assembléia do CAA teve início no dia 26 de junho e só terminou na festa de sábado à noite, dia 28.
Durante as reuniões muita coisa bacana entrou em debate e, visivelmente, o
projeto de inserção das oleaginosas da Cooperativa Grande Sertão foi um dos temas mais discutidos da Assembléia.
Os debates acerca da segurança alimentar e educação também tiveram foco interessante [como era de se esperar].
Para quem participou pela primeira vez, a opinião é das melhores:

"É importante para o crescimento profissional, mas, principalmente, para o pessoal, ver tudo funcionando assim, de perto. A gente se apaixona por tudo com muita facilidade. O trabalho do CAA, da Cooperativa e dos parceiros é fantástico. E durante a Assembléia você entende como tudo isso funciona. É um téte-a-téte bacana com a realidade, do jeito que tem que ser. Se todo mundo tivesse a oportunidade de trabalhar um pouquinho aqui, muita coisa seria diferente." [manuh - estagiária de comunicação].




E, claro, o lançamento do Jornal AGRI-CULTURA SERTANEJA!

A apresentação do jornal foi no sábado, ainda na parte da manhã. Todas as pessoas presentes ficaram visivelmente entusiasmadas com o novo produto. Uma correria só conseguir terminar o jornal a tempo. A Rede de Comunicadores Populares teve um trabalho danado! Mas tudo foi produzido com muita satisfação. Agora a gente espera os comentários, críticas e sugestões!



José Antônio Ribeiro [T'sé] resumiu as atividades da Assembléia da seguinte forma:


A Assembléia Geral do CAA-NM, ocorrida nos dias 26 a 28 de junho de 2008 foi um momento importante para a instituição que atua na região há mais de duas décadas. Nela foram debatidos as principais questões levantadas pelos(as) Associados(as) desde as Pré-Assembléias ocorridas em maio e junho de 2008.
Os principais pontos foram:



  • Socialização das Pré-Assembléias e Apresentação dos Eixos de Ação do trabalho do CAA-NM;

  • Socialização e atualização dos desafios colocados na última assembléia (Biodiesel, relações com movimentos sociais, com parceiros, cooperativas, etc.);

  • Trabalho de grupos mistos; [Proposições dos eixos de ações (Quais as recomendações estratégicas para dar conta da amplitude do trabalho? Como deve ser o trabalho do CAA-NM na questão das políticas públicas? Quais as recomendações para qualificação das relações CAA-NM & Movimentos Sociais?)]; Programa de Formação;

  • Lançamento do Jornal "Agricultura Sertaneja";

  • Educação do Campo: Desafios e Perspectivas;

  • Síntese e encaminhamentos.

Ao final, dia 28, a Assembléia Geral terminou com a tradicional Festa de São
Pedro, com mastro, fogueira, forró e jantar.


[T'sé]







Foto: Nilde fotografando os músicos durante a Festa de São Pedro.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Agricultura Familiar

Agricultura familiar é alternativa à crise de alimentos

“O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar é um instrumento que pode permitir o enfrentamento da crise de alimentos de uma maneira diferenciada.” A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf, durante o Seminário PAA – Balanço e Perspectivas, que aconteceu entre os dias 16 e 18 de junho, em Brasília.


Minifábricas elevam produtividade e valor da produção

As agroindústrias criadas para o beneficiamento de produtos da agricultura familiar, com apoio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), têm contribuído para o aumento da renda e da qualidade de vida de milhares de pequenos produtores.


Mercadinhos do Nordeste terão produtos mais baratos

A Rede de Fortalecimento do Comércio Familiar de Produtos Básicos (Refap) vai vender produtos adquiridos de agricultores familiares, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a mercadinhos e pequenos supermercados de bairros pobres de capitais nordestinas.


-- leia as matérias completas clicando no título --

terça-feira, 17 de junho de 2008

MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA

JORNAL O GLOBO – 15/06/2008
MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA: Pesquisa foi encomendada pela mineradora Vale, alvo constante desses grupos
Ibope: MST é visto como sinônimo de violência

Para 60% dos entrevistados, movimentos se aproximam da criminalidade e prejudicam a economia do país

Soraya Aggege

SÃO PAULO. A causa é nobre; os métodos, não. É o que pensa a maioria dos brasileiros sobre os movimentos sociais do campo, como o MST, segundo pesquisa feita pelo Ibope por encomenda da mineradora Vale. Para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem; e, para 24%, é a expressão "reforma agrária". O levantamento mostra que a população está dividida em relação ao movimento: 46% se dizem favoráveis, e 50%, desfavoráveis.
Dos entrevistados, 65% dos moradores das metrópoles concordam com os objetivos do MST, mas em nuances distintas: 27% concordam com o propósito e acham que os sem-terra lutam por ele; 38% concordam com o objetivo, mas acham que o MST fugiu de sua meta inicial; e 31% discordam totalmente dos objetivos do movimento. E 60% consideram que as organizações camponesas estão se aproximando da criminalidade; também acham que elas prejudicam a economia (para 61%) e os mais pobres (para 54%).
Os entrevistados também são críticos da atitude de quem tem terras invadidas: 40% acham que o setor privado usa seus próprios meios para fazer expulsões, antes de tentar dialogar ou recorrer à Justiça. Perguntados como agiriam se estivessem no lugar dos proprietários, 27% disseram que negociariam e até cederiam parte das terras, mas 40% afirmaram que dialogariam e depois recorreriam à Justiça.
A pesquisa, que abrange todas as metrópoles e várias regiões do país, foi encomendada pela Vale, que tem sido alvo dos movimentos. Segundo o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da empresa, Walter Cover, o objetivo foi saber como os movimentos são vistos pelas comunidades com as quais a Vale se relaciona.
- A Vale tem um relacionamento estreito e positivo com as comunidades com as quais se relaciona, e esses movimentos fazem parte delas. Como pretendemos melhorar permanentemente essa relação, queríamos saber como os movimentos são vistos - disse o diretor.
A pesquisa mostra que mais de 80% dos 2.100 entrevistados no país acham que os movimentos sociais estão se espalhando. Nas metrópoles, onde foram entrevistadas 1.204 pessoas, 69% avaliam que eles estão ganhando força. Mas 40% dos entrevistados acham que os maiores beneficiados pelos movimentos em geral são os seus próprios líderes. E mais: 69% consideram que eles são instrumentos de manipulação e geram conflitos. Apenas 26% avaliam que os movimentos organizam e conscientizam.
Para 56%, os movimentos são "plantados" de cima para baixo, por políticos, ONGs e igrejas. Outros 37% acreditam que eles surgem naturalmente, a partir da revolta da população com a realidade nacional. A maioria, 54%, avalia que os grupos mais prejudicados pelos movimentos são os mais pobres. Só 17% dizem que são os mais ricos.

MST é conhecido por 97% dos entrevistados

Para 60% dos entrevistados, os movimentos estão adotando métodos de ação ilegais e, por isso, acabam se relacionando com o crime organizado e até com o narcotráfico. Mas 29% discordam. Em cidades como Vitória (ES), 77% acham que eles estão próximos da criminalidade; em Marabá (PA), somente 27% pensam assim.
O MST é o movimento social mais conhecido no país: tem 97% de conhecimento. Outros movimentos, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os quilombolas e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), além da própria Via Campesina - a internacional camponesa que agrega todos esses grupos, inclusive o MST -, são pouco conhecidos, mas mais aceitos. A CPT, por exemplo, é aceita por 59% daqueles que já ouviram falar da comissão católica. Já a Via Campesina, à qual a maioria é filiada, só é conhecida por 14% dos entrevistados. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é conhecido por 31% nas regiões metropolitanas.
Um total de 88% dos moradores de metrópoles dizem não conhecer nenhum outro movimento. Os sem-teto foram os mais citados, por 4%.
A maioria dos entrevistados afirmou que sabe dos movimentos sociais pela televisão (90%), jornais (34%), rádio (24%), internet (18%) e revistas (8%). Para 45% dos moradores metropolitanos, a cobertura dos meios de comunicação é neutra, mas 35% acham que os veículos tendem a ser favoráveis aos movimentos.

Forças Armadas têm o maior grau de confiança: 68%

A pesquisa mapeou também o nível de confiança dos brasileiros em geral em instituições e grupos. As Forças Armadas saem na frente, com 68% de aprovação, seguidas pelos meios de comunicação, com 67%. A Igreja Católica empata com a confiança nos ambientalistas em terceiro lugar: 64%. Já os partidos políticos aparecem em último lugar do ranking de confiança, com 11%. O Congresso teve 22%, menos que o MST, que teve 31% das escolhas.
O presidente da República, sem citação do nome, aparece com 48%. A Polícia Civil, com 45%; e a Polícia Militar, com 43%. O Judiciário tem 42% da confiança e os sindicatos, 39%. Já os criadores de gado têm 55% de confiança, e os grandes produtores de soja, 59%. As ONGs têm 54% de confiança, e as igrejas evangélicas, 52%.
A pesquisa do Ibope foi feita de 26 de abril a 6 de maio, antes, portanto, da última onda de invasões e protestos de sem-terra pelo país, na semana passada. Foram considerados os seguintes movimentos: MST, Via Campesina, Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Quilombola e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Foram ouvidas 2.100 pessoas maiores de 16 anos, em metrópoles, cidades e regiões do interior de vários estados. Foram 1.204 entrevistas em nove regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Distrito Federal, Salvador e Fortaleza). As demais foram distribuídas entre as seguintes cidades: Vitória (ES), São Luís (MA), Imperatriz (MA), Belém (PA) e Marabá (PA). Também foram entrevistadas pessoas no interior de Minas, no Vale do Ribeira (SP), em Cariré (CE) e em Dourados (MS).


MOVIMENTOS SOCIAIS NA BERLINDA: Ministério do Desenvolvimento Agrário considera que estado vive tensão social

Organizações proliferam em Pernambuco
Estado, berço das Ligas Camponesas nos anos 50, tem hoje em atividade 14 grupos ligados à luta no campo

Letícia Lins

POMBOS, PE. Palco do surgimento das Ligas Camponesas, em 1955, Pernambuco se mantém fiel ao lema "reforma agrária na lei ou na marra", cunhado pelo fundador e líder das ligas, o ex-deputado Francisco Julião. Os movimentos sociais ligados à luta no campo são hoje 14 em todo o estado - e o MST é apenas um deles. Mudando constantemente de nomes e líderes, espalham-se pelos estados vizinhos, desaparecem por uns tempos, reaparecem depois.
Um dos mais fortes é a antiga OLC (Organização de Libertação do Campo), que funcionou por dois anos em Pernambuco e realizou 40 ocupações, mas sumiu. Depois foi incorporada pela Fetraf (Federação dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar), hoje um dos movimentos que mais ocupam propriedades no estado. A Fetraf funciona em 22 estados. Em Pernambuco, comanda 70 acampamentos, dos quais 26 já se tornaram assentamentos.
Alguns movimentos só existem no estado, como o Mtrub (Movimento dos Trabalhadores Rurais e Urbanos do Brasil). Para o chefe da Divisão de Obtenção de Terras e de Implantação de Projetos de Assentamento do Incra, Carlos Eduardo Costa Lopes, a efervescência e a quantidade desses movimentos constituem um retrato da questão agrária no estado, considerado pelas autoridades do Ministério do Desenvolvimento Agrário como de tensão social.
- A demanda social contribui para pressionar o governo e apressar a execução da reforma agrária. Esse é o lado positivo. O negativo é que a pulverização dificulta o planejamento. Para nós, talvez o melhor fosse um número menor de movimentos com maior representatividade - diz Lopes.
O Incra calcula que existem hoje no estado 21 mil famílias acampadas, cerca de 105 mil pessoas.
Zona da Mata teve 40 mil sítios extintos
Camponeses expulsos passaram a se engajar em movimentos

POMBOS, PE. O trecho da Zona da Mata no Sul do estado, que concentra grande quantidade de usinas que fecharam, é considerada a área de maior tensão social em Pernambuco. A Zona da Mata é a região da agroindústria açucareira, que, se por um lado trouxe riqueza com a expansão dos plantios de cana, por outro obrigou os lavradores a viverem uma diáspora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 40 mil sítios desapareceram a partir dos anos 70.
- Com o desaparecimento dos sítios, os camponeses foram expulsos de suas terras. Foram eliminados 150 mil empregos no corte de cana, e os camponeses passaram a se engajar nos movimentos sociais. Por isso, eles florescem com tanta intensidade em Pernambuco, um estado com tradição de luta no campo. O desafio é unir os movimentos - afirma Plácido Júnior, coordenador da CPT e da Via Campesina em Pernambuco.

Diária de R$4 em propriedades da região
A Fetape, Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco, congrega mais de 180 sindicatos e também comanda ocupações. São 214 acampamentos, 198 já transformados em assentamentos.
- A nossa história, o volume de desemprego na Zona da Mata, a má distribuição de terras, a concentração na mão de poucos, tudo isso contribui para que os movimentos sociais atuem tanto no campo - afirma Paulo Roberto Rodrigues, diretor de Políticas Agrárias da Fetape.
Noé Bernadino Severino, de 50 anos, ex- cortador de cana, trabalhou na enxada desde os 7. Teve seu último emprego formal em 1986. Hoje trabalha por diária de R$4 em propriedades da região.
- Trabalho quase de graça. Acho injusto, mas aceito porque preciso.
João Santos, hoje com 48 anos, trabalha na enxada desde os 8. Lembra-se bem do pai, Manoel dos Santos Silva, que cortou cana, foi cambiteiro (carregava cana no cavalo) e machadeiro (derrubava madeira para iniciar o plantio de cana) até cair na militância das Ligas Camponesas, entre as décadas de 50 e 60. Chegou a ser preso cinco vezes pela ditadura.
- Papai tinha um programa na rádio, para conscientizar os camponeses. Aos 17 anos, assumi o comando do programa - lembra João.
Ele foi eleito duas vezes para presidir o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Vitória de Santo Antão, a 51 quilômetros da capital. Santos ainda é diretor de finanças do sindicato. Na década de 90 ele fez parte da diretoria da Fetape.
- Batemos um recorde nacional, fazendo 52 ocupações em um só dia. Depois, saiu da Fetape e fundou a OLC, Organização de Luta no Campo, há três anos incorporada pela Fetraf.


Movimentos se defendem
Para eles, noticiário influencia resultados


SÃO PAULO. Os movimentos sociais incluídos na pesquisa do Ibope disseram considerar que os resultados atestam o apoio da sociedade aos seus objetivos. Para a direção do MST, porém, as pessoas são influenciadas pelo noticiário sobre as ações dos movimentos - que, semana passada, por exemplo, mostrou ações violentas praticadas por sem-terra contra prédios públicos e privados em todo o país.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) disse ter entendido que a pesquisa mostrou dados favoráveis à sua causa. "Demonstrou que o movimento tem boa aceitação, principalmente entre os que nos conhecem bem, e que palavras como justiça, igualdade e coragem foram as mais usadas para nos definir", respondeu o MAB, que também prefere culpar a mídia pela imagem que a sociedade tem do movimento.
A Comissão Pastoral da Terra destacou que, embora a pesquisa tenha sido feita por uma instituição reconhecida como o Ibope, foi encomendada pela Vale, envolvida nos conflitos.
- A sociedade não está alheia aos movimentos em seu tecido, mas tem tido a mídia como único canal de leitura dos movimentos. A mídia tem associado as organizações camponesas à violência e ao crime - disse Dirceu Fumagalli, da coordenação da CPT.
A Sociedade Rural Brasileira apontou a mídia como causa de 40% dos entrevistados entenderem que os proprietários atingidos pelos movimentos reagem ilegalmente por seus próprios meios.
- Existe falta de informação. Não precisamos usar recursos próprios para combater invasões - disse o presidente da SRB, Cesário Ramalho da Silva, acrescentando que os movimentos perderam o foco.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale, Walter Cover, que encomendou a pesquisa, concorda que os movimentos têm passado ao largo da briga pela reforma agrária:
- Querem mudança do modelo econômico ou temas que nada têm a ver com a Vale, que vem sendo alvo das invasões.


Política dúbia de Lula prejudica, diz estudioso
Para sociólogo, presidente mantém grupos por perto, mas sem atender a suas reivindicações

SÃO PAULO. Compreendidos ou não pela sociedade, politicamente os movimentos camponeses do Brasil estão em uma "sinuca de bico", avalia o sociólogo Ricardo Antunes, estudioso dos movimentos sociais brasileiros e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Antunes lembra que esses movimentos eram da base social do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E que, até agora, quase no meio do segundo mandato, Lula não mexeu na estrutura fundiária do país e ainda se coloca como porta-voz do agronegócio.
- Essa situação é muito difícil para os movimentos sociais. O governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, foi pior para eles, porque os criminalizou. Com Lula, isso não aconteceu, mas a história é ainda mais complicada - diz Antunes.
Para o estudioso, a política de Lula com os movimentos é dúbia: ele tenta manter os grupos sob seu arco de influência, sem criminalizar, liberando cestas básicas, mas sem atender a suas reivindicações.
- O MST é muito estruturado, organizado, e historicamente apóia Lula. Mas Lula opta claramente pelo agronegócio e usa a política das torneiras pingando para exercer certo controle sobre o movimento. Hoje, se o MST não se mobiliza, as torneiras não pingam. É uma sinuca de bico - afirma.
Antunes analisou a pesquisa e considerou que há muitas ambigüidades sobre a imagem dos movimentos. Frisa que, como 90% dos entrevistados afirmam que se informam sobre os movimentos pela televisão e pela imprensa, trata-se de uma opinião sobre o que foi publicado.
- Geralmente, o que a mídia mostra são conflitos, ocupações. Não mostra ações de escolarização, famílias que conquistam dignidade graças à ação dos movimentos.
Também especialista em movimentos sociais, o cientista político mexicano Adrian Gurza Lavalle, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), avalia que a percepção de violência se deve muito ao que aparece na mídia.
- Apesar do protagonismo, o MST tem cisões, facções e não é único. Há outros. A causa do MST, a reforma agrária, é unanimidade mundial. Os métodos, no entanto, são polêmicos - afirma Lavalle.
Ele considera que a pesquisa traz um dado importante:
- O conhecimento que as pessoas demonstram ter dos movimentos sociais não é desprezível: 97% conhecem o MST no Brasil. Ora, as taxas de engajamento dos brasileiros em associações e partidos são de apenas 20%.

Dossiê Veja - segundo Luís Nassif

Luís Nassif cria artigos intitulados 'dossiê Veja', criticando um dos maiores (mas nem por isso melhores) meios de comunicação do Brasil.

O caso rendeu discussões e ataques diretos (inclusive de cunho pessoal), além de processos judiciais contra o jornalista.

Confira o "dossiê" no blog oficial de nassif:



Quem é Luís Nassif
Luis Nassif foi introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país. Vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se em 2003 e 2005, em eleição direta da categoria.

(Perfil retirado do blog oficial de Luís Nassif)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ocupação em Rio Pardo de Minas

Ocupação da Organização pela Libertação dos Sem Terras - OLST em Rio Pardo de Minas - MG

12 de junho de 2008
A Organização pela Libertação dos Sem Terras - OLST vem informar que:
80 famílias de trabalhadores rurais sem terras que estavam acampadas na Fazenda Passagem Larga, localizada no município Rio Pardo de Minas, Região do Norte de Minas Gerais, há seis meses aguardando solução do INCRA e do ITER para conseguirem terras tinham acordo judicial para permanecerem nesta fazenda até 18 de junho de 2008.
Cansadas da situação de inoperância do estado e sem terem para onde ir, resolveram ocupar a Fazenda Jacu / Japoré, na madrugada de 12 de junho de 2008, de propriedade de Edna Brum, localizada a 6 km de distância da cidade de Rio Pardo de Minas. Durante a ocupação, a polícia prendeu um caminhão com trabalhadores rurais e crianças.
É uma fazenda de 380 ha, com grande parte de terras devolutas, pertencentes ao Estado, totalmente improdutivas e que vêm sendo degradadas pela exploração de carvão nativo, extração de areia e fabricação ilegal de tijolos.
A OLST vem com isto, também, denunciar que as terras devolutas do norte e nordeste do estado continuam nas mãos das grandes empresas monocultoras do eucalipto, que expulsaram e continuam expulsando a população rural, como também causando intensa destruição dos biomas nativos (cerrado e caatinga) e dos rios e afluentes.

I Encontro da Rede de Comunicadores Populares do Norte de Minas

No dia 05 de junho houve a primeira reunião que dará início à organização e atividades da Rede de Comunicadores Populares do Norte de Minas. A Rede foi idealizada com o objetivo dar maior visibilidade aos projetos desenvolvidos e/ou assessorados por instituições ligadas à movimentos sociais e políticos. O objetivo é criar um esquema de troca de experiências e informações, que culmine na produção de meios e formas próprias de comunicação, tanto no âmbito interno (entre as próprias entidades) como no externo (entre as comunidades, entidades e a sociedade em geral).
A reunião de Comunicadores Populares contou com a participação de representantes de várias entidades, que se propuseram a tornar-se comunicadores e animadores do processo de produção de meios de comunicação alternativos, que tenham como tema primordial a vida e as lutas do homem do campo. Os projetos e produtos desenvolvidos pela Rede de Comunicadores Populares do Norte de Minas serão baseado nas demandas da área de comunicação de cada território e entidade.
O Jornal Agri-Cultura Sertaneja, primeiro produto da Rede, já está sendo trabalhado. O Conselho Editorial provisório foi definido nesta primeira reunião da Rede, e espera-se que o lançamento seja no dia 28 de junho, último dia da Assembléia do CAA. A Rede será também responsável pela capacitação dos Comunicadores, para que a produção de informação seja potencializada. A realização da primeira reunião de capacitação foi marcada, provisoriamente, para os dias 10 e 11 de julho, na AEFA - Montes Claros.
Para essa próxima reunião os temas já definidos são:
  • - como produzir notícias para impresso e internet
  • - fotojornalismo
  • - escolha do conselho editorial oficial do jornal Agri-Cultura Sertaneja
  • - análise da edição piloto do jornal
  • - levantamento das dificuldades e necessidades da comunicação nas comunidades
Inicialmente a Rede foi esquematizada da seguinte forma:
Núcleo (animador): CAA/NM -- representado por Helen Santa Rosa e Emanuela Almeida
O animador será o ponto de apoio e troca de informações entre os pontos de referência (entidades) que, inicialmente serão:
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo (e Mastro)
  • Cáritas Januária
  • Cooperativa Grande Sertão
  • Assentamento Tapera
  • Assentamento Quilombolas do Gorutuba
A integração das seguintes entidades ainda está sendo tramitada:
  • Xakriabá
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia
  • Grupo de Extrativistas Americana
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Coração de Jesus
  • Cáritas de Montes Claros
  • Cáritas de Janaúba
  • CPT
  • Pastoral da Criança
  • EFA Tabocal
  • Cooperativa Crescer
  • Coopersam
  • ACEBEV
Para mais informações, entre em contato com a assessoria do caa:

onde as melhores coisas são passadas de pai para filho

Conheça o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas